Cientista político diz que Bolsonaro utiliza os eleitores para evitar sua prisão ou garantir a sua impunidade
Por: Fábio Corrêa / DW Brasil
Em entrevista à DW Brasil, Christian Lynch avalia que ataques em Brasília acabaram com tolerância política a figuras que incentivam atos golpistas: "extrema direita assinou o seu atestado de óbito"
Exatamente uma semana após a posse de Lula, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram, aos milhares, as sedes dos três Poderes em Brasília, destruindo tudo que encontravam pela frente. Rapidamente, foram divulgadas imagens que mostravam membros da Polícia Militar do Distrito Federal assistindo impassivelmente aos atos de vandalismo.
A intenção era colocar em xeque a eleição do PT à Presidência, movimento que foi insuflado nos últimos meses constantemente por Bolsonaro, que deixou o Brasil em dezembro para não ter que passar a faixa a Lula. No entanto, para o cientista político Christian Lynch, o tiro saiu pela culatra.
Em entrevista à DW Brasil, o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), diz que os atos de terrorismo e vandalismo praticamente acabaram com qualquer tolerância do sistema político brasileiro a figuras da extrema direita, como o próprio Bolsonaro, que incentivaram os atos.
"Ele não está tão interessado no eleitorado, do ponto de vista da liderança. O eleitorado dele só serve se for pra tentar impedir uma prisão ou negociar a impunidade dele. Neste domingo, isso acabou", diz Lynch.
Para o cientista político, as próprias forças de segurança ficaram em uma sinuca de bico após o bolsonarismo ter assumido abertamente a destruição da ordem institucional. "As forças serão obrigadas a embarcar no discurso da ordem, que é do atual governo", afirma.
Acompanhe a entrevista: clique aqui.
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