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Perda na audição pode indicar declinio cognitivo, segundo pesquisa


Por: Luiza Caires / Ciência USP

Escutar pior com o passar dos anos é comum. A partir dos 40, nossa audição já começa a ficar menos afiada para frequências mais altas, os sons mais agudos. Aos 60 anos, até 12% da população já terá tido uma perda importante. Nem por isso a perda auditiva deve ser considerada trivial. Pesquisa liderada pela USP amplia com dados da população brasileira um corpo de evidências cada vez mais forte sobre a associação dela ao declínio cognitivo.

Alessandra Samelli diz que os mecanismos que levam a isso ainda precisam ser mais bem elucidados, mas os dados são suficientes para incentivar a prevenção nos grupos mais vulneráveis. Por exemplo, alguém que trabalha a vida toda em ambiente com ruído e não usa adequadamente os equipamentos de proteção auditiva, pessoas com doenças cardiovasculares, que também podem prejudicar o sistema auditivo, ou alguém que ao longo da vida usa medicamentos tóxicos ao ouvido, além de hábitos nocivos – e que podem ser modificados – como usar fones com som alto. “Se você diminui ou impede esses fatores, pode diminuir a probabilidade de declínio cognitivo”, diz a fonoaudióloga.

Claudia Suemoto lembra que os estudos têm mostrado que a perda auditiva mais importante para o declínio cognitivo é a que ocorre na meia-idade, dos 40 aos 65. “A perda numa pessoa de 70 ou 80 anos também é importante, claro. Mas dados consistentes apontam que realmente a meia-idade seria uma janela importante, ou seja, o que poderia influenciar mais é você ter começado a perder a audição na meia-idade, e não a perda que já teve lá na frente”, diz a médica.

Uma das hipóteses mais aceitas sobre por que a perda auditiva influencia na perda cognitiva é a diminuição de estímulos ao cérebro. “Você pode pensar no cérebro como um computador que tem suas fontes de entrada, ou input. No computador são o teclado, a câmera, o microfone. E o cérebro tem suas fontes de entrada de estímulos: auditivo, visual, tátil. Então quando você tira uma há menos coisa chegando para acionar a comunicação entre os neurônios. Secundariamente, a pessoa que ouve menos tende a se isolar, a interagir menos.”

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