Médica é processada pelo CFM por críticas contra atuação do Conselho durante a pandemia
A médica Ligia Bahia, sanitarista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é uma das vozes mais respeitadas no campo da saúde pública no Brasil, mas foi processada recentemente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por fazer críticas às políticas adotadas pela instituição desde a pandemia de Covid-19.
Ligia foi processada por declarações feitas durante uma entrevista no canal O Conhecimento Liberta (ICL). No vídeo, a médica criticou o apoio do CFM ao uso da cloroquina e a falta de incentivo à vacinação. Ela também questionou o posicionamento da entidade, que tentou restringir o acesso ao ab0rto legal em casos de estupro.
Em nota conjunta, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) manifestaram apoio a Ligia Bahia. As entidades destacaram que as declarações da médica refletem consensos científicos amplamente reconhecidos e que a liberdade de expressão é fundamental para o avanço da ciência e da democracia.
“Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência”, diz o texto.
Com doutorado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a acadêmica tem mais de três décadas de experiência em políticas de saúde, sistemas de proteção social e relações entre os setores público e privado.
Ela é conhecida pela atuação como membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), instituição que muitas vezes faz frente a políticas excludentes adotadas pelos planos de saúde.
“Nossas ações defendem a formulação de políticas essenciais à garantia do direito à saúde; avaliam os tempos de espera e a dignidade do atendimento, as garantias de coberturas, a regulação de preços; os usos e abusos dos planos de saúde privados”, resumiu ela na abertura do 10º Congresso Brasileiro de Saúde Pública, em 2012.
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