
Igaporã: Secretário de Saúde apresenta fortes denúncias contra administração anterior e anuncia novos serviços
O Secretário Municipal de Saúde de Igaporã, Waldir Pires Ribeiro de Barros, concedeu entrevista à Rádio Igaporã anunciando o retorno de vários tipos de atendimentos especializados no setor de saúde pública municipal, bem como, a reabertura e funcionamento dos PSFs na sede e zona rural.
Segundo Waldir, já estão em funcionamento os agendamentos para atendimento semanal nas especialidades de Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Ortopedia, Ultrassonografia, Eletrocardiograma, Cirurgia Geral, além dos exames laboratoriais. Confirmou, também, o atendimento em Geriatria a cada quinze dias, acrescentando que está em fase de conclusão os acordos para iniciar os atendimentos em Cardiologia (semanal) e Urologia, duas vezes por mês, no Hospital.
Denúncias
Waldir Barros apresentou relatório encaminhado ao Ministério Público no dia 9 de janeiro, onde denuncia o que considera uma situação tão caótica encontrada pela Administração Municipal atual, a partir do dia 1º de janeiro de 2017, que inviabilizou o início imediato do atendimento pleno à população.
O Secretário descreveu equipamentos sucateados, estruturas físicas degradadas, ausência de medicamentos, pagamentos de materiais e serviços, aparentemente, inexistentes, juntamente à inexistência de materiais e equipamentos no Hospital Municipal José Olinto Cotrim, entre outras irregularidades.
Waldir afirma, também, que encontrou as Unidades Básicas de Saúde e as Unidades de Saúde de Apoio sem atendimento médico desde o dia 30 de outubro de 2016. Algumas permaneceram abertas oferecendo um serviço precário à população, através de um técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Os profissionais de saúde, como médicos, odontólogos e enfermeiros foram dispensados desde o mês de outubro. A vistoria realizada constatou, ainda, “a inexistência de materiais de consumo, alimentação, material de limpeza, material odontológico e medicamentos. Além disso, alguns computadores quebrados e sem os HDs. Os médicos, enfermeiros e odontólogos foram todos dispensados logo após as eleições municipais”. Vale ressaltar que a equipe de agentes de combate as endemias encontrava-se, há meses, com atividades paralisadas por falta de coordenação, colocando a cidade em risco de um surto de dengue, diante da ausência do trabalho de campo, complementa o relatório.
O documento descreve, ainda, a situação do Centro de Especialidades Odontológicas, localizado na Praça Baco-Pari. O atendimento foi paralisado logo após as eleições de 2016. “Dos quatro consultórios existentes no CEO, apenas dois estavam com os gabinetes funcionando”, enquanto os demais apresentavam defeitos nas cadeiras. “Nenhum material de uso diário nos consultórios foi encontrado, além de instrumentos desaparecidos”.
O texto relata o caos também no Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU). Segundo Waldir, a coordenação regional solicitou uma equipe para atuar no dia 31 de dezembro de 2016, pois a equipe que trabalhava na Administração Anterior anunciou que não atenderia naquele dia. O Secretário disse que foi obrigado a mobilizar profissionais e manter o serviço aberto à população, antes mesmo da posse da nova equipe administrativa na Prefeitura Municipal: “Neste caso, assumimos o SAMU antes mesmo da posse do prefeito eleito”.
O quadro de dificuldades também foi encontrado no Hospital Municipal José Olinto Cotrim, conforme relato do Secretário: “a Unidade Hospitalar foi recebida no dia 1º de janeiro sem condições de funcionamento devido ao estado de abandono em que encontrava após o resultado das eleições de 2016, sendo necessário que providenciássemos em caráter de urgência compras de alimentos, material de limpeza e medicamentos, para que a mesma pudesse continuar funcionando”.
Prossegue o relatório: “Neste estabelecimento, constatamos algumas situações absurdas tais como:
a) Laboratório sem funcionamento há alguns meses, praticamente abandonando. A Gestora Municipal preferiu contratar serviços terceirizados para atender aos interesses de alguns.
b) Sala de Raio X cheia de rachaduras, com sala de revelação fora dos padrões.
c) Praticamente a Unidade de Saúde sem roupas de cama e de uso no centro cirúrgico, porque as existentes, segundo informações, foram todas surrupiadas por funcionários.
d) As especialidades como ginecologia, ortopedia e cirurgia, que funcionavam na Unidade de Saúde, foram todas suspensas logo após o resultado das eleições de 2016.
e) O almoxarifado do Hospital foi encontrado totalmente vazio. Apesar da Prefeitura de Igaporã ter supostamente gasto cerca de R$ 257.000,00 no período de 11/11/2016 a 16/12/216 com a aquisição de medicamentos para o Hospital.
f) Das cinco ambulâncias existentes, três encontravam-se totalmente destruídas sem condições nenhuma de funcionamento; 02 ambulâncias com para brisas quebrados, sem amortecedores, sem pneus, que foram trocados por peças inservíveis.
g) O serviço de eletrocardiograma sem funcionamento, porque a empresa ADS Diagnóstico em Saúde (Telemedicina), suspendeu o serviço devido a falta de pagamento por mais de três meses.
h) Os médicos plantonistas reclamaram que não receberam os pagamentos referentes aos plantões do mês de dezembro de 2016. Até o presente momento, não temos conhecimento da situação real das dívidas da saúde, porque a Gestora Municipal sequer deixou uma relação de dívidas pendentes. Os credores aparecem a todo tempo cobrando pendências que não sabemos se realmente são de responsabilidade do município.
i) Sistema de processamento de faturamento de AIH do Hospital bloqueado pela empresa locadora do SOFT por mais de três meses, por falta de pagamento, gerando assim um prejuízo ao Hospital, que deixou de faturar e exportar o faturamento para o SUS.”
Outro alvo da investigação foi a farmácia básica municipal, recebida totalmente vazia, “apesar da Prefeitura de Igaporã ter efetuado um pagamento grandioso no mês de dezembro com a aquisição de medicamentos para a referida unidade farmacêutica, o que caracteriza supostamente uso de notas frias. Sequer a medicação que é fornecida pelo Governo do estado para atender casos específicos foi retirada na cidade de Salvador, deixando assim pacientes sem o devido atendimento” denuncia Waldir.
O Secretário enfatizou que a atual Administração Municipal permanece comprometida no atendimento de todas as demandas da população. Assegurou que o sistema público de saúde já está retomando o seu funcionamento pleno em Igaporã, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas como a falta de recursos, o desaparecimento de materiais e a deterioração da estrutura física das unidades de saúde.
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