Texto: Jonas Valente / Agência Brasil
O Ministério da Saúde defendeu o resultado da avaliação de uma equipe de médicos da Universidade de São Paulo (USP) sobre o caso de reações adversas a vacinas contra HPV em jovens no Acre. Segundo os profissionais, os pacientes tiveram uma crise “psicogênica”, e não um problema em decorrência da substância aplicada na imunização.
A apresentação ocorreu nessa semana, em Rio Branco, e contou com a presença de representantes da Secretaria de Saúde, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa do estado. Mais de 80 jovens apresentaram diversos sintomas após tomar a vacina, dando origem a suspeitas disseminadas em redes sociais.
A equipe de médicos da USP selecionou 12 jovens e observou-os para
avaliar a condição médica. O diagnóstico não indicou qualquer reação à
substância, mas o que definiram como “crise não-epilética psicogênica”.
Os sintomas teriam emergido em razão de um conjunto de fatores, desde o
receio em relação à própria vacina até condições socioeconômicas. A
crise se espraiou entre as pessoas da região.
“Esta doença ocorre em razão de um conjunto de problemas psicossociais. O fator estressante emocional é a vacinação. Não apenas o ato da vacinação, mas a crença compartilhada por aquele grupo de que a vacina pode ser perigosa. Essa apreensão provoca nas pessoas que já são vulneráveis o surgimento dos sintomas, que são agravados por estímulos que vão reforçando a ocorrência das crises”, disse o médico da USP Renato Luiz Marchetti.
Segundo ele, essa reação já foi verificado em relação a outros tipos
de vacina, como as para o vírus H1N1, malária e tétano. Nesses casos,
houve também um espraiamento “a partir da crença compartilhado de que
tem algo acontecendo”.
Marchetti disse ainda que se a vacina não foi a causadora, tampouco
os pacientes fingiu a doença. Ele citou como elementos potencializadores
da difusão das crises tanto o tratamento equivocado na rede de saúde
como a difusão de conteúdos nas redes sociais.
“Alguns pacientes não tiveram problemas acolhidos adequadamente, receberam tratamentos incorretos. E houve o papel da rede social. Essas crises são suscetível à sugestionabilidade. As mães postaram as crises e divulgaram na Internet, expondo a outras crianças. E isso provoca o agravamento”, avaliou.
A consultora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) Maria
Teresa da Costa ressaltou que mais de US$ 300 milhões foram gastos em
todo o mundo para examinar a eficácia da vacina contra o HPV, que
atestaram o caráter seguro dela. Os eventos que ela pode produzir,
acrescentou, são locais e de resolução espontânea, como dores, febre e
mal estar localizados.
Costa destacou a importância da vacinação para prevenir a ocorrência do câncer de colo de útero. “Este câncer está matando mulheres e essa vacina protege em 100% para os tipos existentes. De concreto temos que o câncer mata e esta vacina previne e é importante ser imunizado jovem pois melhora a resposta”, defendeu a consultora.
Esclarecimento
O representante do Ministério da Saúde no evento, Júlio Groda, reforçou a análise da equipe médica e criticou a suspeição sobre o diagnóstico. Ele lembrou que o órgão possui um canal para fornecer esclarecimentos sobre notícias falsas acerca de temas sobre saúde. O canal pode ser acessado tanto pelo site da pasta
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